Thursday, November 30, 2006

Eça de Queiroz




















What a strange people! For them it is a matter of certainty that no one can be moral without reading the Bible; no one can be strong without playing cricket; no one can be a gentleman without being English. And this is what makes them hated. They never blend; they never become un-English ... The Englishman falls on foreign ideas and customs as a block of granite falls on water. There he stays, with his Bible, his clubs, his sports, his prejudices, his etiquette, his self-centredness ... Even in countries where he has lived for hundreds of years, he is still the foreigner.
Eça de Queiroz, Cartas de Inglaterra
"I detest England, but this does not stop me from declaring that as a thinking nation, she is probably the foremost." Eça de Queiroz
It may be said that England acted as a constant stimulus and a corrective to Eça’s traditionally Portuguese francophilia.

Taken from Wikipedia

Eça viveu a sociedade inglesa assim como viveu a sociedade portuguesa, sempre numa relação de amor e ódio. O que diz muito mais do indivíduo do que do que das sociedades em causa.

Wednesday, November 29, 2006

Pleonasmo










Ela olhava fixamente para a fotografia que estava colada na parede da livraria. Parecia intrigada apesar da sua posição imperturbável. A foto mostrava o escritor italiano Alberoni numa posição que podia ser a osmose perfeita entre Napoleão e Mussolini, seria complicado atingir um momento fotográfico mais imperial. “É porque é italiano” dizia ela referindo-se ao facto de que desde o renascimento que a tradição Italiana sempre assentou mais na tradição da imagem do que na tradição literária. Salvador Dalí dizia que uma imagem quando captada e projectada pode extravasar em muito o que o artista pretende e torná-la em algo diferente. Ela esperava que tivesse sido um caso desses, visto que nutria uma apreciação pelo livro de sexologia/sociologia do senhor mas estava agora um pouco chocada pela ausência de tacto estético do mesmo. “Ele parece querer invadir a polónia com chupa chupas em vez de armas” pensava para si mesma. Entretanto ele andava de volta dos livros na zona da literatura espanhola, enquanto pegava num livro pensava “se eu soubesse dançar talvez comprasse mais destes”. Enquanto se afastava aproximou-se dela e perguntou-lhe se estava tudo bem, visto que ela estava por demais absorvida no seu mundo ele acreditou que ela estava vulnerável. A sua experiência há muito que lhe tinha dito que devia atacar sempre em momentos de fragilidade feminina, ele preocupava-se pouco com os clichés e muito com a eficácia. Ela respondeu-lhe que estava tudo bem, agradeceu a preocupação, mas não se demorou com formalismos ao dizer imediatamente que não percebia porque é que durante a apresentação do livro de Alberoni os homens praticamente desapareciam e a sala tendia a encher-se de mulheres, ia até mais longe ao dizer que é um padrão para autores que escrevem sobre sexo do ponto de vista sociológico. Tendo sido apanhado desprevenido, ele desde logo percebeu que ela não estava em momento de fragilidade algum e quando assim é opta por ser honesto, não porque ache a honestidade algo validamente apetecível por si só, mas porque uma pessoa que não está fragilizada tende a decifrar o enigma do subterfúgio mais rapidamente e a vida não é mais do que uma tentativa de diminuir os riscos sem prejudicar o objectivo (curiosamente, ele nunca estudou economia). “ Os homens não lêem tanto sobre sexo e relações como as mulheres porque eles já passam a vida inteira a quererem ter sexo, ir ler sobre sexo seria tornar a vida num incomensurável pleonasmo.”
A rapariga olhou para ele com a expressão que seria o paradigma da dúvida, puxou da sua ortodoxia de julgamento que mandava que em caso de dúvida devia beneficiar sempre aquilo em que queria acreditar. “Pois” disse ela com um ar desinteressado, voltando-se imediatamente para a bancada onde devia pagar as suas compras. Ao pagar, não podia deixar de pensar que se por acaso a explicação simplista do rapaz tivesse fundamento, a foto com o ar imperialista de Alberoni estava explicada, ao fim ao cabo, ele não só lê como escreve sobre o tema.

Ela sai da livraria e o rapaz fica lá dentro.

Monday, November 27, 2006

Dicionário

Rua - “A rua, invenção da República Francesa que há anos ganha sempre a governos democraticamente eleitos que tentem reformar o país.” José Cutileiro


Saturday, November 25, 2006

A queca

A queca é uma forma milenar de reprodução da espécie. Antes disso, o diálogo e a arte de conversar eram usados para efeitos de reprodução. Rapidamente se sentiu a necessidade de mudar o sistema para a actual cópula porque a espécie corria grave perigo de extinção.

Friday, November 24, 2006

Scoop - Woody Allen








Sabendo-se que sou dos maiores apreciadores (que vive em Lisboa e arredores) do Woody Allen , estando mesmo disposto a lutar até à morte por esse epíteto, não consigo esconder que Scoop não é uma obra prima. Todas as marcas do Woody Allen estão lá, o que nunca poderia fazer do objecto em causa um mau filme, no entanto ele não apostou particularmente na densidade, nas piadas ou na profundidade do mesmo.

O Woody entra como actor e quando assim é a piada está garantida, umas vezes mais, outras vezes menos, se neste caso for menos, não quer dizer que não me consegui rir com várias intervenções. Convenhamos que quando ele diz para a personagem da Scarlett “you are an incredible human being and a credit to your race”, a verosimilhança do piropo é o próprio piropo (não sei bem o que isto quer dizer, mas soa bem). Numa festa, ao perguntarem-lhe qual a sua religião ele responde “I was born of the Hebrew persuasion, but I converted to narcissism.”, ou ao falar do porquê de ser magro ele diz “I don't need to work out. My anxiety acts as aerobics.” , e eu só posso agradecer pela identificação (apesar de não ter nascido da persuasão hebraica e de não ir a festas sem uma arma).

O argumento é interessante e até termina com algo que poderia ser uma visão curiosa do after life , de que o depois da vida não é nada mais do que a continuação do conceito da vida (não sei se fique contente ou triste com isso). Por vezes parece que já vi algumas daquelas cenas em “manhattan murder mystery” mas quem é que se importa (tirando talvez alguns críticos de cinema) ?

Irei revê-lo porque um filme do Woody Allen nunca fica completo ao primeiro visionamento e provavelmente irei ter uma visão diferente da que tenho agora, mas não a irei escrever porque não quero que toda a gente pense que não faço mais nada, afinal de contas, há sempre a remota esperança de que ainda possa ter uma vida para além disso, assim como se espera que o Woody tenha vida suficiente para nos trazer anualmente um filme novo.

Tuesday, November 21, 2006

Prioridades

Foo says:

hellooooo

Faa says:

hi there

Foo says:

como estás?

Faa says:

não sei, daqui a uns meses respondo-te

Faa says:

e tu?

Foo says:

uns meses?.. e se entretanto eu for atropelado por um carro?

Faa says:

ficas em recuperação

Foo says:

não.. atropelado a sério, para morrer..

Faa says:

haa, então aí já não vais precisar da minha resposta

Sunday, November 19, 2006

As banalidades e a sua força ...

Por falar em Proust…

Lembro-me de um episódio que aconteceu há vários anos quando eu estava num jantar cheio de pessoas com conversas desinteressantes (um clássico que diz tanto de mim como das outras pessoas). Depois de um jantar prolongado, já eu carpia as mágoas por não ter aprendido nada, não me ter divertido minimamente e a perguntar a deus porque é que eu não tenho a sorte de ir a jantares desafiantes dos quais eu possa sair com vontade de voltar, quando chegou a parte do brinde. Ao levantarem os copos alguém gritou com um ar de troça ... PROUST!!! Fiquei incrédulo, as mesmas pessoas que dominavam a arte da banalidade extrema ao ponto do atordoamento alheio interessavam-se por Proust?? Eu que tinha a consciência pesadíssima porque nunca tinha lido o senhor fiquei para morrer. O que é que tudo isto dizia de mim? Seria isto o paradigma da minha anulação como ser humano? Estava lançada a 3ª guerra mundial metaforicamente representada no meu ego imberbe.

Vários anos depois, quase por acidente, descobri que o que eu tinha ouvido não era “proust”, mas sim “prost”, que é a palavra alemã usada nos brindes.

Consequentemente descobri que o que nos pode afectar intensamente na vida pode não ser a ausência de Proust, mas sim alguém que está habituado a beber cerveja com alemães.

Saturday, November 18, 2006

Little miss sunshine

















Uma família normal (simmm)

Algum humor negro

Nietzsche como ícone para as entidades imberbes

Marcel Proust como o melhor escritor que existiu depois de Shakespeare

Teses sobre o sarcasmo

O culto das categorias simples como possibilidade e as suas contradições

Recomendo vivamente.

Friday, November 17, 2006

Enganos que são acertos

One says:

é outro escritor da geração brat

One says:

beat

Another one says:

hahaha geração brat (fedelho) está mais de acordo com essa geração

Thursday, November 16, 2006

Passeio ...

Passeio pela cidade. Percebo que Lisboa está povoada de cartazes de publicidade a um banco onde muitas caras, não sei se famosas ou não (o que revela o meu nível de alienação), dizem que “já fizeram as contas”. É notório que a mensagem que tenta transmitir é a de que depois de eles terem feito as contas, a preferência vai para o banco em questão.

Questões pertinentes. Se a matemática é o calcanhar de Aquiles do ensino nacional, porque havemos nós de confiar nas contas do povo e aceitar os seus resultados? Quer um banco fazer depender a sua credibilidade das capacidades contabilistas do povo luso?

Ultra

Se ser romântico é amar as características individuais da entidade específica por oposição à entidade geral, então eu sou romântico, ou se quiserem, ultra-romântico.

Tuesday, November 14, 2006

Internet possibilities

No momento já é possível discutir qualquer temática em vídeo, assim como fazemos com a escrita.

Descobri uma discussão sobre a posição de David Hume sobre as possibilidades de milagres acontecerem segundo o que pode ser o conceito de conhecimento.

Os prós e os contras ...

“Acusação”

“Defesa”

Friday, November 10, 2006

Covers

No que diz respeito à música ao vivo, Lisboa não é uma cidade que ofereça grandes alternativas no circuito de bares, Tirando alguns sítios pontuais, é muito raro encontrar novos artistas a tocarem originais, assim sendo, o mais frequente é ver imensas bandas de covers pululando pela capital. Já estou a imaginar o cenário habitual, eu entro num bar de música ao vivo e encontro músicos muito empenhados em tocar as suas escolhas populares de canções (quero acreditar ingenuamente de que é por isso e nada mais). Os U2 (quem já não sofreu num bar com doidivanas a gritar “Sunday bloody Sunday”), os Red hot chilli peppers, o “frágil” do Jorge Palma, enfim, os clássicos da noite.

Agora com o youtube é possível ouvir e ver pessoas que fazem covers de todos os tipos, más , boas (vivendo em Lisboa tinha a ideia que isso não é possível), bem tocadas ou mal tocadas, com boas e más escolhas. A democracia no mundo das covers parece funcionar melhor.

Fica aqui um exemplo de uma cover da canção “Samson” da Regina Spektor feita por uma rapariga entusiasmada. O máximo que eu posso dizer é que sairia muito mais vezes à noite se este fosse o estímulo, mesmo sem originais. Quem é que quer ser original de qualquer maneira (este assunto fica para outro dia)?


PS: Se fores do sexo feminino (conveniente), cantares e tocares ao nível patente neste vídeo, não hesites, envia um mail para visitor.the@gmail.com , o teu futuro está à tua espera (redundante, não?) , pelo menos o futuro onde eu contacto contigo ...


Hiperactivo 2

Um hiperactivo não pode ir à pesca. Corre o risco de se mandar para a água e tentar morder os peixes.

Wednesday, November 08, 2006

Celia Sandys - O meu avô Winston

Olhando para o mundo político de hoje, acha que a personalidade do seu avô – romântica, excêntrica, tantas vezes politicamente incorrecta – teria algum lugar nos palcos eleitorais dos nossos dias?

Acho que ele não quereria fazer parte de um mundo politicamente correcto. Não que gostasse de ofender as pessoas, entenda. Mas, em relação ao pensamento politicamente correcto, parece-me que o que começou por ser uma preocupação em não ofender terceiros tornou-se, por sua vez, em algo de profundamente ofensivo. Quando converso com alguém de uma diferente nacionalidade ou cor, o facto de eu ter de me preocupar constantemente com aquilo que digo para não parecer racista já é uma forma de racismo.


Tirado de uma entrevista a Celia Sandys (neta de Winston Churchill)

Tuesday, November 07, 2006

Vamos falar de sexo !!!

Eis que chega o momento pelo qual toda a gente esperava. Vamos falar de sexo ( a melhor compensação para a ausência do mesmo). Sendo eu um especialista na arte da compensação (muitos anos a compensar impossibilidades da vida), inspirado por um debate sobre sexo em Portugal (há sexo em Portugal? ), não resisti a abordar o tema. Nesse debate participavam vários sexólogos, entre os quais estava a tão famosa Marta Crawford. Eu até não desgosto da senhora, para alguém que tem um programa na tvi até consegue ser bastante razoável e centrada na forma como lida com o tema em causa.

Há no entanto uma tendência generalizada para se usar palavras justificativas da acção junto do público, tais como “preconceito”, “tabu”, “ falta de abertura”, “visão machista”, “retrógrado”, entre outras... Sempre desconfiei (em doses consideráveis) de pessoas que argumentam contra factores supostamente existentes e estabelecidos para justificar a sua presença, entregando a si mesmo o título de missionários da boa vontade de índole heróica (pareceu-me um bom título). Ao ouvir o debate fui aceitando que os portugueses eram isto e aquilo, que não lidavam bem com o seu corpo, que não falavam sobre sexo, que havia imensos estigmas sociais, que não tínhamos travestis suficientes (inventado) e, claro, que lá fora era tudo muito melhor. Já todos conhecemos esta conversa. Depois passamos para outro campo que também já todos conhecemos, o campo onde se atribui todos os males à sociedade, ao bom velho estilo do Rousseau, o ser humano era perfeito (um bom rebelde) até começar a viver a viver em sociedade e então passou a ser corrompido. Ouvimos dizer que as diferenças entre homens e mulheres são essencialmente culturais, que uma mulher comporta-se de uma determinada forma porque os pais não a deixaram ir brincar às escondidas ou porque a ensinaram a sentar-se de perna cruzada. Ficam tão entretidos com isto que se esquecem da extrema determinação biológica sobre a qual os costumes foram logicamente construídos, mas como cada um quer sentir-se válido e em controlo, é preferível apontar o mais ínfimo pormenor social para dar a ilusão que de alterando esses factores estaremos a atingir a perfeição social (não sei se será a do Rousseau em processo retroactivo). Durante um debate sobre a masturbação já se ouvia a alta voz que as raparigas não estão tão à vontade ou têm mais dificuldade em descobrir o acto por causa das castrações sociais, até que uma alma caridosa se lembrou de dizer o óbvio, que a principal causa está no facto de se lidar com um órgão externo e passível de poucas variantes e, por outro lado, de se lidar com outro órgão interno e de funcionamento menos simplista (e eis que alguém acha a explicação demasiado fácil e propõe que sejamos todos hermafroditas). Naturalmente que somos seres sociais, mas quando se pensa que somos apenas seres sociais, algo já saiu fora da estrada.

Saturday, November 04, 2006

Bright young things















Baseado no livro de Evelyn Waugh “Vile bodies”, “Bright young things” consegue ser um filme razoavelmente divertido. Consegue passar a crítica de Waugh aos jovens boémios da alta sociedade sem mostrar desdenho por eles. Waugh que (em aparente paradoxo) tanto criticou a alta sociedade como viveu fascinado por ela.

Neste filme temos homens que vendem a amada para depois pagarem muito mais por ela, temos mulheres que abdicam do homem que amam em detrimento de casamentos financeiramente confortáveis e temos romance, real, duro, seco, sem perder uma pitada de beleza, dento dos cânones realistas e pragmáticos a que estamos habituados.

Wednesday, November 01, 2006

The divine comedy -- Generation sex



Generation sex
Respects
The rights
Of girls
Who want to take their clothes off
As long as we can all watch thats okay
And generation sex
Elects
The type
Of guys
You wouldnt leave your kids with
And shouts off with their heads if they get laid
Lovers watch their backs
As hacks
In macs
Take snaps
Through telephoto lenses
Chase mercedes benzes through the night
A mourning nation weeps
And wails
But keeps
The sales
Of evil tabloids healthy
The poor protect the wealthy in this world
Generation sex
Injects
The sperm
Of worms
Into the eggs of field mice
So you can look real nice for the boys
And generation sex
Is me
And you
And we
Should really all know better
It doesn't really matter what you say

Marie Antoinette

Já se escreveu muito sobre o filme de Sofia Coppola que foi apupado em Cannes. Não irei dizer nada de novo em relação a este. Apenas que dei por mim a rir desmesuradamente numa sala onde ninguém se ria, o que só documenta o meu humor desviante ou a minha perspicácia para sentir o tom irónico e sarcástico com que Coppola consegue criticar muitas questões relacionadas com o contexto francófono em causa. Com esperança, é a segunda, apesar da primeira também ser verdadeira.

Ps: Viram como não mencionei a Kirsten Dunst !!!

És feliz?

Por vezes as pessoas perguntam, do nada, sem grande conhecimento prévio da minha pessoa (o que me inclui no grupo das mesmas), se sou feliz...

Podia optar pelo discurso mais usado, de que a felicidade não existe por si mesma, que cada um tem o seu próprio conceito de felicidade ou de que a felicidade não existe e apenas existem momentos de felicidade (com sorte, 2 ou 3 durante a vida).

Já os gastei todos, a partir de hoje apenas respondo que a minha felicidade depende da quantidade de pessoas que me fizerem esta pergunta.

Equilíbrio

Sempre tive problemas em perceber o que seria uma pessoa supostamente equilibrada. É óbvio que percebo onde o senso comum quer chegar com o epíteto, até o uso para o meu dia a dia, no entanto, nunca o percebi (quem não usa todos os dias ideias ou conceitos que não percebe que atire a primeira pedra).
Interrogo-me recorrentemente até que ponto sou radical nas minhas abordagens e até onde é que estou a ser prejudicado pelas mesmas. Por outro lado, tentar o consenso forçado abdicando de estudos, convicções e atitude pode ter piores consequências, principalmente ao nível da auto estima e motivação (que são 2 vertentes do mesmo bloco).


Bastam alguns binómios para nos fazer balançar. A esquerda e a direita na politica, as abordagens sociais e psicológicas ao homem e à mulher, Soren Kierkegaard e Theodor Adorno (questão passível de fractura), a Kirsten Dunst e a Scarlett Johansson ( questão paralisante), entre muitos outras (imaginem agora quando há mais opções (é melhor não, senão já não acabam de ler este texto) ) ...


Já não sei quem disse que não sabia qual era o segredo do sucesso, mas que o segredo para o insucesso era tentar agradar a toda a gente. Jogar o jogo que consiste em atirar sempre para o meio de forma a atingir consenso é o jogo mais perigoso que conheço (este é amigo do Mussolini, já devem estar a pensar), apesar de útil e recomendável em algumas (poucas) ocasiões (como quando estão a ser assaltados à mão armada, dá jeito não antagonizar o assaltante com tiques de personalidade).

Personalidade é a palavra chave. Será possível a construção da personalidade, mesmo que instável e difusa, sem ir a alguns extremos? Não sei (safo-me sempre com esta), mas não acredito na possibilidade de explorar conhecimento e não chegar a conclusões que vão sair do mundo do politicamente correcto, porque a vida não é politicamente correcta quando somos um indivíduo (mesmo em grupos precisa de muita maquilhagem para o ser, considerando que pode) e eu acredito essencialmente na entidade individual como motor do conhecimento.

O maniqueísmo pode ser igualmente perigoso, mas quanto a isso a história já registou exemplos mais que suficientes. O valor de ficar na história entra essencialmente no campo da moral, que David Hume caracterizou como mais dependente dos sentimentos individuais do que da razão propriamente dita.
A maior parte das coisas que se faz, pensa ou se diz, são executadas porque podemos. É no dia em que nos esquecemos disto que começamos a ter traços de personalidade que (invenção da hipocrisia) tentam colocar-nos no lado “bom” do ser humano, esquecendo que mantendo o respeito individual (o nosso e o alheio), as possibilidades são infinitas e tais conceitos esbatem-se, podendo esbaterem-se a tal ponto que até podemos chegar à conclusão que somos muito mais semelhantes do que pensamos (na pior das hipóteses).

Há pouco disse que a vida não era politicamente correcta quando somos um indivíduo. Corrijo para “ a vida não é politicamente correcta” , naturalmente que conheço o que é ser politicamente correcto, é só querer, eu e toda a gente...

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