Monday, April 21, 2008

Tom Stoppard

Estamos aqui reunidos nesta ocasião solene para falarmos de Tom Stoppard.
Depois de ver a peça Rock N’ Roll que está em exibição no Teatro Aberto, tornou-se premente para a minha pessoa poder chamar o nome do seu criador para este blogue.


Tom Stoppard é um dramaturgo britânico de família Judia, nascido na Checoslováquia em 1937, que em 1939 foge dos nazis juntamente com a sua família e que depois de passagens por Singapura e Índia termina em Inglaterra onde se fixa definitivamente. Desiste muito cedo da escola, nunca frequentou a universidade, no entanto as suas peças são estudadas pela intelectualidade de todo o mundo. Interessa-se também por cultura sem fazer distinção de valor entre as suas paixões, a música denominada popular (patente na peça “rock n’ roll), a ciência, a matemática, a filosofia ou a literatura, todas elas ocupam espaços de destaque nas suas peças. Peças essas onde tem a tendência para colocar longos textos na boca de personagens que peroram sobre determinados temas, muitos deles representam a sua opinião pessoal, e muitos outros esgrimem argumentos contrários. Quase nunca há um vencedor lógico. Rock n Roll não é por isso um manifesto anti comunista, e muito menos será uma peça panfletária. Será, talvez, apenas a vivência humana da dúvida, do real e do utópico. É extraordinária porque nos agride com o óbvio que não é nada óbvio. Usa o empirismo para olhar para o futuro com as mesmas dúvidas de sempre, lembrando-nos que nós somos muito mais que razão, e que a nossa vida toda pode estar numa canção com o acorde certo. Essa canção pode não ser uma canção, pode ser qualquer coisa, desde um beijo a uma ida à casa de banho (não devemos excluir hipóteses que conferem sentido à vida).


Este britânico com origem no leste europeu gostava do teatro do absurdo, estilo com alguma tradição no centro da Europa. Lutou activamente contra os abusos do comunismo no leste europeu. É bem sabido que Tom é uma excepção na ortodoxia monolítica de esquerda no mundo da arte, tal como escreveu William Langley (Daily Telegraph).
O seu apreço pela senhora Thatcher já lhe valeu inúmeras críticas. Ele justificou esse mesmo apreço da seguinte forma:

“No período antes da chegada da senhora Thatcher tinha-se pouca consideração pela política. Era tudo tão limitado, tão hipócrita. Depois apareceu aquela mulher que parecia não ter maneiras absolutamente nenhumas e dizia exactamente o que pensava. Ficou toda a gente de olhos arregalados e de boca aberta, e eu gostei disso.”

Podemos definir Tom como um homem da direita? Possivelmente, se não quisermos ser rigorosos. Se quisermos ser, teremos de o definir como o homem que baralha os dados. E como eu gosto tanto disso.

Friday, April 18, 2008

Os correios

Na minha ida aos correios assisto a uma conversa entre o funcionário atrás do balcão e um cliente que estava a ser atendido. Entanto o funcionário dos correios prestava o serviço ao cliente, ia falando sobre a possibilidade de ganhar o totoloto (assunto comum, acredito). Dizia que era melhor ser um homem a ganhar o totoloto e ficar milionário do que uma mulher, porque o homem iria distribuir esse dinheiro com muitas outras mulheres e a mulher limitar-se-ia a guardar a fortuna para si.

Conclusão, segundo a sabedoria popular, a mão invisível do Adam Smith só funciona com homens.

Thursday, April 17, 2008

Não tenho tempo

Não tenho tempo, mas estou aqui
Não tenho tempo, mas lembrei-me
Não tenho tempo, mas tenho intenções

Será inevitável...
Não tenho tempo para não ter tempo.

Thursday, April 10, 2008

Publicidade

Definição de bom e de mau?
Maniqueísmo?
O persa Mani?
Santo Agostinho resolveu a questão com o livre arbítrio.
Nada disso interessa agora.
A pergunta a fazer nestes dias não é “É bom ou mau?”, mas sim “Foi bem ou mal publicitado?”.

Wednesday, April 02, 2008

Política e a definição da dilatação a seguir ao esófago das aves, onde os alimentos são amolecidos antes de passarem à moela

Sa says:
Conservative: A statesman who is enamored of existing evils, as distinguished from the Liberal, who wishes to replace them with others.
Ambrose Bierce (1842-1914)
Sa says:
a quote of the day no thefreedictionary
Fi says:
hahaha
Fi says:
curioso
Fi says:
eu sou um pouco dos 2
Fi says:
sou um conservador/liberal .. mediante o assunto
Sa says:
és um relativista, portanto
Sa says:
melhor
Sa says:
um contextualista
Fi says:
sim, caso a caso define a galinha o papo

Tuesday, April 01, 2008

As bandas e Max Weber

Ouço por aí novas bandas que soam a The Cure ou a qualquer outra banda institucionalizada no meio artístico e musical. Ouço críticas ao mimetismo. Legítimas? Max Weber diria que não.


Quando o sociólogo Alemão desenvolveu a tipologia das formas de dominação legítima, trouxe-nos a ideia de legitimidade carismática, uma forma de dominação e de autoridade baseada na admiração da generalidade das pessoas por um individuo com características extraordinárias, um individuo cuja mente está orientada para o futuro e que tem uma capacidade de persuasão acima do ordinário. Esta forma de dominação e de administração tinha um problema óbvio. Dada a finitude do ser humano esse tipo de dominação era precária pois não se podia perpetuar pelo tempo, a partir do momento que o homem carismático morresse, com ele morreria a sua orientação política.
Max Weber achava que tal não tinha necessariamente de acontecer. Ele achava que as características e os valores que esse homem representava podem viver para além da sua morte e passarem para instituições, ou seja, seriam criadas instituições com cargos que apenas podiam ser preenchidos por pessoas com as características do antigo líder, não no âmbito da personalidade, mas no campo do respeito aos seus valores.


As bandas que soam a outras bandas já vistas como “carismáticas” não estão mais do que a viver a era racional-legal. Lembram-nos dos valores que alguém extraordinário trouxe anteriormente para as nossas vidas. São burocráticas, eficazes, úteis, servem propósitos imediatos, e são modernas. Não são poéticas? Não. Mas a poesia é um género literário que vende muito pouco, estando mesmo fora tempo.

Agora, se me dão licença, vou ali buscar um livro de poesia. É certo não me demorarei muito com ele porque amanhã de manhã a sociedade racional-legal chama-me de novo. Olhá-la-ei de frente e direi com coragem “Aqui me tens, mas fica alerta”.

Inutilidade

Estou irremediavelmente apaixonado por coisas inúteis.
É a minha tragédia e a minha salvação.

O fim.

Sapiência

Dizem-me “Escreve apenas sobre aquilo que sabes”.
Certo.
Este post este perto de não existir.
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