Monday, February 26, 2007

"sex and the city"

Geeee says: A série “o sexo e a cidade” tenta representar a emancipação das mulheres mostrando que elas podem comer os homens que quiserem quando quiserem.

Naaa says:
Grande coisa, elas já conseguem isso desde que a espécie humana surgiu.

Saturday, February 24, 2007

really?

Em que o senhor se baseia para dizer que o homem não possui livre-arbítrio?
Gray - Não temos controle sobre nosso destino. Nem sequer somos co-autores de nossas vidas. Chegamos ao mundo sem escolher nossos pais, nosso lugar, a língua que vamos falar. O que fazemos é improvisar diante da realidade que encontramos.


John Gray (filósofo britânico)

Friday, February 23, 2007

Orson Welles e as legendas

A cinemateca ia passar um filme do Orson Welles chamado “F for fake” e eu decidi ir ver. Um filme que aborda a temática do “verdadeiro e falso na arte”, o que é ser autêntico ou forjado e se tal conta para alguma coisa quando é a actividade artística que está em questão, alargando a temática posteriormente para a vida. O tom poético e humorístico imperam, como é apanágio de Welles, e eu não podia ter saído da sala mais satisfeito. Quero dizer, podia... Pago o meu bilhete, entro na sala, sento-me e sinto um impulso imediato, uma vontade de não querer ver o filme. Razão? O filme está legendado em espanhol. Fiquei porque sendo o filme em inglês não seria difícil de acompanhar, mas passar o filme todo a ignorar as legendas para não estar a ver um filme em 3 línguas diferentes (penso em inglês, leio espanhol e o espanhol leva-me para o português) é deveras desagradável. Preferia de longe que não tivesse legendas nenhumas ou que tivesse legendas em inglês. Legendas em espanhol é assumir que todos os portugueses têm obrigação de as perceber como se fossem em português, quando no ensino nacional o espanhol não é a segunda língua, nem sequer é uma língua obrigatória. É certo que se eu tivesse lido o cartaz da cinemateca com atenção já saberia que o filme estaria legendado em espanhol, mas como tal nunca me passou pela cabeça, não investiguei previamente. Eu não sou nada dado a patriotismos, serei moderadamente patriota, nem ando com uma bandeira de Portugal para que me possam catalogar como ser humano, nem ignoro a história e as minudências deste país, mas legendas em espanhol num filme em inglês??? Enfim... Pergunto-me se fosse um filme do Ingmar Berman qual seria a reacção das pessoas ao verem um filme falado em sueco com legendas em espanhol.
Se alguém da cinemateca estiver a ler este texto, não me levem demasiado a sério, mas por favor, em filmes em inglês é preferível que não existam legendas do que colocarem legendas noutras línguas que não a nossa, é que ver um filme não é como ler um livro, onde podemos ler e reler quando não percebemos, e eu gostava de perder mais tempo com o filme e menos com traduções.
Que ninguém me lembre de chamar o Sam the Kid com o seu nacionalismo exacerbado. Eu nem sei “rappar”, já tentei, já tentei.

Thursday, February 22, 2007

The Lives of Others (Das Leben der Anderen) (2007)



Excelente filme. A abordagem ao socialismo é de uma clareza notável, as relações humanas são testadas a níveis catastróficos, a subtileza dos actores é irrepreensível, toda a ideologia política é dada em delicados pormenores até se tornar esmagadora, o crescimento psicológico dos personagens, a capacidade de auto repressão em piloto automático que o ser humano possui, a ... a ...

Tuesday, February 20, 2007

"There are many here among us who feel that life is but a joke." Bob dylan

"Macbeth: Tomorrow, and tomorrow, and tomorrow, creeps in this petty pace from day to day; to the last syllable of recorded time; and all our yesterdays have lighted fools the way to dusty death. Out, out, brief candle! Life's but a walking shadow; a poor player that struts and frets his hour upon the stage, and then is heard no more. It is a tale told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing."
Shakespeare

Sunday, February 18, 2007

???

Pergunto-me porque é que quando mudei para o novo blogger passei a ter links que não toleram acentos.

Friday, February 16, 2007

"Le temps qui reste" (2005) François Ozon









E porque de França, nos últimos tempos, também vêm filmes que valem verdadeiramente a pena...

Wednesday, February 14, 2007

Este é um texto moralista

“É uma obra moralista.” Frase usada em larga escala nos tempos contemporâneos para descrever, de forma tendencialmente pejorativa, uma qualquer expressão artística que possa conter uma visão moral (patente ou latente) sobre algo.

Será difícil saber quando uma obra é moralista ou não. O senso comum diz que uma peça é moralista quando o autor da mesma tenta passar aos outros um valor ou uma ideia que considera correcta e quando implicitamente usa um certo tipo de coação psicológica para levar a que as pessoas também tomem a tal ideia como exemplo de virtude a seguir. As formas artísticas (ou apenas comunicacionais) mais usadas para fazer passar esse “moralismo” será o ênfase directo da ideia ou a contraposição exacerbada para provar o seu oposto. O que é que realmente enfurece o consumidor de arte quando perante uma moral? Questões artísticas/técnicas à parte, o que realmente o enfurece cristaliza-se quando a moral em causa assenta sobre algo de que ele discorda ou de que até concorda utopicamente mas que, por uma razão ou por outra, não conseguiu colocar em prática ou ter sucesso com a mesma, acabando assim por lhe ganhar uma antipatia considerável. Como eu costumo dizer, uma moral é sempre combatida com outra, , sim eu, e o que sei eu? Passemos à frente...

Não é preciso ser o Peter Singer (filosofo australiano), com a sua impossibilidade de vida sem ética e a sua demanda para responder à pergunta “porque devo ser moral?”, para perceber que a moral está sempre presente. Pode assumir um carácter negativo sendo assim imoral ou ter um perfeito desconhecimento (propositado ou não) da moral e tornar-se amoral, sendo a amoralidade um conceito que paira sem se efectivar, como quando se imagina um porco com asas (bonito exemplo), imaginável mas não verosímil, no entanto, em todos os casos, estamos sempre no campo moralista, quando mais não fosse porque, como dizia o meu amigo David Hume, a nossa moral está intimamente ligada aos sentimentos e só numa fase posterior é racionalizada para os tentar efectivar no campo do real). Quem consegue fugir dos sentimentos inerentes ao indivíduo?(a resposta “os playboys” não conta)

Será possível exprimir alguma coisa que não advenha do nosso circuito moral? A expressão, tendo como fim último a comunicação com o próximo, terá de ter um intuito, o mínimo de significado, perceptível ou não, mas terá necessariamente de ter, a total ausência de mensagem pode ser o silêncio e mesmo esse é usado para comunicar e consequentemente passar uma moral. Dir-me-ão que uma obra non-sense/abstrata não contem teor moralista, mas o que leva a pessoa a fazer tal peça tem uma moral subjacente, consciente ou não, acabando em muitos casos a funcionar como um “statement” bastante definido.

Parece-me lógico discutir se uma obra tem uma moral intrínseca mais evidente ou menos evidente, se concordamos com ela ou não, mas argumentar que ela é “moralista” acaba por ser pleonástico. Num caso extremo, com tendências pós-modernas ou não, quando se tenta registar artisticamente um pensamento que se baseia na ideia de que não há uma moral, não haver uma moral é a moral da história.

Monday, February 12, 2007

Mão no ar

Independentemente de se ter votado “sim” ou “não”, quem não tiver ficado minimamente incomodado com a forma de festejar do “movimento do sim”, mesmo sabendo que os danos mortais vão continuar e que apenas mudam de lado/contexto, por favor, coloque a mão no ar.

Sunday, February 11, 2007

"Little children" (Pecados íntimos)


Uma ida ao cinema para ver “little children” (pecados íntimos). Tirando um ou outro pormenor é um bom filme que faz humor com a tristeza humana, consegue fazê-lo com mestria apesar do seu carácter dramático. Todas as personagens, tirando a da Jennifer Connelly, são pequenas crianças (como o título original indica) com muita dificuldade em aceitar as responsabilidades da vida adulta. As personagens têm uma caracterização algo monodimensional, mas não penso que prejudique o filme pois algumas personagens servem bem o propósito. Resumindo, vale a pena ver e talvez seja o filme dos que vão aos Óscares de que mais gostei, talvez ...

Saturday, February 10, 2007

não...

Não tenho tempo, não tenho tempo, não tenho tempo ao ponto de o tempo já não me ter.

Wednesday, February 07, 2007

Ir a jogo

Era normal, ou talvez não, ser normal ou anormal é apenas uma questão de estatísticas. Estar com a maioria é desconfortável. Estar com uma minoria pode ser uma deformação e não uma qualidade, ou pode até não ser nada, mas poucos querem ser nada. Ser alguma coisa não é simples, ser nada seria tudo, mas nunca se consegue ser nada a tentar ser algo pré-definido de forma exacta, talvez esse seja o tal “nada”. A única beleza é a dos números.
Os outros e o nosso eu, ou se calhar os outros são o nosso eu, esse mesmo, com o seu olhar a perscrutar constantemente e a produzir juízos que só não são finais porque desde cedo se aprende que tudo muda no segundo seguinte. É vago, é vago, tudo é vago, a palavra “tudo” é elegante e escorregadia, como o pacote de leite que ao cair derrama “tudo” no chão, mas não tudo.
Por vezes não se sabe se existimos, surgem daí perguntas bacocas que a filosofia de algibeira nos ensinou a fazer em alturas hedonistas e de captação de atenções. Não resulta, porém os gatos alinham, seres existencialistas por excelência, mas facilmente enganáveis apesar da sua pose individualista.
Fiquemo-nos pela identificação. Actividade difícil num mundo onde um homem quanto mais se auto-descobre mais descobre o quanto é diferente dos demais, até chegar, possivelmente, ao ponto onde se sente realmente igual a todos os outros, esse ponto não chega a ser atingido em vida, tal pode até ser dito com toda a prepotência.
O permanentemente clamar pelo surgimento da pessoa que entende todas as nossas minudências e que partilha os gostos que antes achávamos exclusivos, irrepetíveis, não passíveis de comunhão, é o fenómeno mais comum entre irredutíveis solitários. A necessidade de pertença a algo para além do eu tenta destruir a clareza da auto-suficiência, uma luta titânica entre duas forças aparentemente inconciliáveis, nem a lagarta nem a borboleta conseguem evitar olhar sob uma perspectiva retroactiva ou “proactiva”. Ao encontrar essa tal pessoa com quem toda a partilha e entendimento é possível, um solipsista pode sentir imediatamente um sentimento de integração de que não estava habituado, apesar de tudo, esse sentimento apresentar-se-á como uma possibilidade agradavelmente original do ponto de visa empírico, mas logo se fará sentir um outro efeito, que consiste na perda de unicidade que o sentimento de incompreensão confere. Deixar de ser especial, deixar de poder queixar-se de tudo (tendo a palavra “tudo” a força incomensurável que tem), deixar de sentir que se é o deus da nossa percepção, deixar de ter a exclusividade dos pormenores, deixar de se ser eu para se ser menos eu, ou mais eu, mas nunca eu, nunca o eu anteriormente construído que permitia a sustentação da guerra e da competição vital para ter um rumo. Depois há outra guerra, a dois, mas poucos querem ir a jogo quando as regras são indefinidas.
Se ao menos se pudesse ganhar sem perder ...

Hobbies

Steven Pinker, psychologist

Rock lyrics

Just let me hear some of that rock and roll music, any old way you choose it, it's got a back beat, you can't lose it, any old time you use it. I know that classical music is more sophisticated, but - I feel like I'm confessing to a murder - I just don't listen to it. The 1,900 songs on my iPod include jazz, blues, soul, klezmer and country, but the largest single category (49.4%) is rock. In my books, I've analysed rock lyrics for their relevance to linguistics: Bob Dylan's "God said to Abraham, kill me a son" is a perfect example of a benefactive double-object dative construction; Paul McCartney's "She could steal but she could not rob" illustrates a subtle contrast in lexical semantics. I've also used them to exemplify features of human nature: Jim Croce's "You don't mess around with Jim" explains the psychology of reputation; John Lennon's "I want you so bad it's driving me mad", though hardly the most poetic expression of endearment, encapsulates the logic of paradoxical tactics in courtship and similar problems of binding one's implicit promises. Still, I can't say that my musical tastes are driven by my scholarly passions. In the words of a certain poet and philosopher: it's only rock'n'roll, but I like it.

Tirado de uma lista onde constam depoimentos de vários intelectuais a falar dos seus hobbies.

Sunday, February 04, 2007

The squid and the whale (2005)




Indubitavelmente, um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos (e ninguém me pagou para fazer slogans).

Friday, February 02, 2007

Intelectual

Ao ler estes dois posts ( 1 e outro), achei que me devia confessar.
Encomendei o representante religioso de serviço e prontamente começo a confissão.
Eu não sou um intelectual. Não sou, nunca serei e, se for realmente honesto (ou mentiroso convicto) nunca realmente quis ser. Ser intelectual deve dar trabalho, digo eu, não sei. Há várias razões pelas quais eu não sou um intelectual, mas a principal será o facto de que ler não é o meu prazer número 1 (se bem que também duvido que seja o deles), mas ler é necessário para o efeito, é pelo menos necessário terminar os livros e não desistir quando o autor está apenas a adornar para depois poder dizer o que realmente interessa em uma página ou duas, considerando que ele tem realmente algo de interessante para dizer, quando se aguenta os adornos na esperança de que algo relevante vá acontecer e não acontece, é razão para chamar o FBI (não disse GNR para tentar intelectualizar o texto através do aumento da dimensão de importância). Não é correcto dizer que não leio, eu leio, mas de uma forma caótica, leio o David Hume, paro a meio e passo para o Philip Roth, depois sinto falta do Woody e vou ler a sua prosa, mas entretanto já percorri poetas, enciclopédias, jornais, manuais e listas de supermercado (era para escrever “catálogos da Victoria’s Secret” mas depois tive vergonha). Calculo que esta falta de estabilidade literária assente na popular ideia de que só se está bem onde não se está. Só que um intelectual, acredito eu, tem de estar bem onde está, pelo menos por 5 minutos, penso que dificilmente se conseguirá chegar a tal epíteto se trocarmos de informação de 5 em 5 minutos. Seria a destruição do princípio da especialização. Se me disserem que os intelectuais também são assim, então eu irei deixar de os ler, assim como espero nunca voltar a ler este texto na vida. A questão do trabalho também é importante, como é possível trabalhar, principalmente se for numa actividade não – intelectual, e ter tempo para tempo para o ser? Abdicar de ter vida pessoal não é a resposta, pois eu já o fiz e nem por isso me tornei num. Deve haver algo que eles sabem e que nós (os prosaicos) não sabemos, mas também, agora que penso melhor, é precisamente por isso que eles são intelectuais, eles sabem coisas de que nós nem desconfiamos. Mmm , pois.
É verdade que há os que tentam parecer, uma das técnicas mais usadas é o uso de palavras supostamente eruditas ou apenas menos usadas no dia a dia como “iconoclasta”, “abstruso” ou “prolixo”, e por esta altura já estão os não intelectuais e os intelectuais (bem, os intelectuais nem por isso porque esses não lêem este blog) a dizerem que essas palavras não são assim tão representativas e que até têm algo de banal, pois sim, mas eu nunca disse que era um bom actor.
Lembro-me de ler no The Guardian o que Timothy Garton Ash escreveu sobre o que é ser intelectual em Inglaterra, e como o termo no seu país sempre teve uma conotação pejorativa, ao contrário da vizinha França que sempre cultivou o estatuto do intelectual (dai o termo “esquerda” estar sempre ligado ao termo “intelectual”... supostamente), sendo “where is the beef?” a resposta dos ingleses a intelectuais teóricos como Derrida. Ser intelectual, ou auto-apelidar-se de tal, no reino da sua majestade era motivo para gozo, sinónimo de prepotência inócua , no entanto, Garton Ash terminava a achar que em mais nenhum país europeu se debate e gera tantas ideias como no Reino Unido e que em última instância essa seria a derradeira finalidade da intelectualidade.
No fim de tudo isto, aos seres prosaicos como eu, resta a satisfação de sabermos algo que os intelectuais já não podem saber, as vantagens de ser prosaico. Elas existem, mas não me perguntem quais são.

PS: O mais curioso é que eu acabei este texto e nem comecei por definir o que é um intelectual, e ainda bem...
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