Friday, February 23, 2007

Orson Welles e as legendas

A cinemateca ia passar um filme do Orson Welles chamado “F for fake” e eu decidi ir ver. Um filme que aborda a temática do “verdadeiro e falso na arte”, o que é ser autêntico ou forjado e se tal conta para alguma coisa quando é a actividade artística que está em questão, alargando a temática posteriormente para a vida. O tom poético e humorístico imperam, como é apanágio de Welles, e eu não podia ter saído da sala mais satisfeito. Quero dizer, podia... Pago o meu bilhete, entro na sala, sento-me e sinto um impulso imediato, uma vontade de não querer ver o filme. Razão? O filme está legendado em espanhol. Fiquei porque sendo o filme em inglês não seria difícil de acompanhar, mas passar o filme todo a ignorar as legendas para não estar a ver um filme em 3 línguas diferentes (penso em inglês, leio espanhol e o espanhol leva-me para o português) é deveras desagradável. Preferia de longe que não tivesse legendas nenhumas ou que tivesse legendas em inglês. Legendas em espanhol é assumir que todos os portugueses têm obrigação de as perceber como se fossem em português, quando no ensino nacional o espanhol não é a segunda língua, nem sequer é uma língua obrigatória. É certo que se eu tivesse lido o cartaz da cinemateca com atenção já saberia que o filme estaria legendado em espanhol, mas como tal nunca me passou pela cabeça, não investiguei previamente. Eu não sou nada dado a patriotismos, serei moderadamente patriota, nem ando com uma bandeira de Portugal para que me possam catalogar como ser humano, nem ignoro a história e as minudências deste país, mas legendas em espanhol num filme em inglês??? Enfim... Pergunto-me se fosse um filme do Ingmar Berman qual seria a reacção das pessoas ao verem um filme falado em sueco com legendas em espanhol.
Se alguém da cinemateca estiver a ler este texto, não me levem demasiado a sério, mas por favor, em filmes em inglês é preferível que não existam legendas do que colocarem legendas noutras línguas que não a nossa, é que ver um filme não é como ler um livro, onde podemos ler e reler quando não percebemos, e eu gostava de perder mais tempo com o filme e menos com traduções.
Que ninguém me lembre de chamar o Sam the Kid com o seu nacionalismo exacerbado. Eu nem sei “rappar”, já tentei, já tentei.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

In fact, I hate English hegemony and the fast globalization.English is a tool of globalization( as Mc Donaldization and Dallasization of the society),an agent imposing Western(usually American)cultures and values throughout the world.

Perhaps, in your place, I should have been happy that the film's translation was in Spanish...The multilingualism develops the inteligence but...kills the EMOTION!

...Live the linguistic tolerance(!).

M.

2/23/2007 3:26 PM  

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