Friday, June 19, 2009

A estrada da servidão

Em animados debates universitários, ouço constantemente dizer que os liberais têm fobias ridículas de serem controlados pelo estado como se fossem autómatos. “ O estado não controla o indivíduo como se este fosse uma marioneta. “ dizem-me da esquerda.

Tenho de concordar. De facto, não é possível controlar alguém por efeitos mágicos nem sequer por cordéis imaginários; porém, é possível fazer algo diferente:

Imaginemos uma estrada com pessoas. Estas vão percorrer a estrada em busca dos seus objectivos de vida. Felizmente, como qualquer estrada, esta não era de via única, tinha várias saídas que levavam a outros destinos. Porém, uma entidade superior (o estado) proíbe que as pessoas possam enveredar por essas mesmas saídas porque acha que o melhor caminho para as pessoas é a via principal. Essa saídas são então vedadas. Perante esta proibição, sabendo que não querem andar para trás, terão de andar para a frente, pela via principal que, apesar de não se saber onde vai dar, é o único caminho permitido. Começam a longa e unidireccional caminhada, caminham morosamente até que, saturados da falta de opções e do caminho para a escravidão, começam a tentar sair da estrada, improvisando saídas e destruindo os rails de separação. Num ápice, estão já na relva que rodeia a estrada. Gera-se o caos, as forças da entidade superior (o estado) entram em acção para fazer com que os dissidentes voltem para a estrada onde estavam. As forças da entidade superior (o estado) estão mais bem armadas e conseguem fazer com que os dissidentes voltem para a estrada principal; contudo, alguns conseguiram fugir, correndo pela relva em direcção ao vazio na esperança de encontrar outra estrada controlada por outra entidade superior (outro estado). Para os que não conseguiram fugir, a caminhada continua.

Não existem cordéis imaginários, não existem controlos remotos, não existem formas de manipular o ser humano em absoluto, mas como via exequível, existem meios muito eficazes de cortar a possibilidades de escolha.

Inicialmente publicado no "O Replicador"

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