Sunday, November 27, 2005

Cristina Branco, ontem na Aula Magna














la la la la

Wednesday, November 23, 2005

Drama queen

O dramatismo de fazer anos está no medo do futuro, na insuficiência do passado, mas o seu núcleo está, inexoravelmente, na interpretação. No entanto, a redundância da mesma instiga-me a estar calado. Numa época pos-modernista, tudo seria explicado pela sua essência.

Precisam-se manipuladores mentais.

Elizabethtown 2












Depois de ter algumas discussões em relação ao filme, confesso que fiquei deveras intrigado. O filme está longe de ser consensual, havendo inúmeras criticas a alguma facilidade de soluções do próprio. Eu não acho. Apesar de achar o actor principal um pouco inexpressivo, esse facto acaba por prejudicar pouco o filme, visto que a personagem da Kirsten Dunst é absolutamente vívida e tudo o que de importante se passa acaba por usar apenas o actor principal como suporte para que os movimentos exteriores se sucedam. Achei o universo emotivo bem elaborado, de uma delicadeza presente, com uma certa dose de romantismo potenciado mas também com uma dose de pragmatismo que faz com que o universo imaginado não ultrapasse o limite do verosímil.

A vertente musical do filme é bastante importante para a sua percepção, evidenciando ai um bom gosto que se estende ao resto do filme. As referências Jeff Buckley, Ryan Adams, Rufus Wainwright, Tori Amos, entre outros, criam o mundo cinematográfico onde eu queria viver.

Penso que é fácil confundir uma simplicidade romântica com algo “lame” ... mas neste filme, este segundo termo não tem realmente uma aplicação efectiva, e o primeiro termo, quando conseguido, tem uma força inebriante. (visto deste lado do mundo)

PS: Tenho pena do uso de alguns clichés poéticos, como o lançamento através da janela do carro dos restos mortais de alguém , mas, de qualquer maneira, quem disse que não se aprende nada com os clichés? Sim , sim , sim, o filme tem fragilidades , mas ...


Tuesday, November 22, 2005

Correcção

No post “condescendências” cometi o erro de imputar ao Pedro Mexia a autoria da frase em causa. Não é verdade, foi um incomensurável erro de análise. Por isso deixo aqui as minhas desculpas ao mesmo. De qualquer forma, o comentário era feito sobre a frase e não sobre o autor, admitindo que o teor da frase não se adequava ao autor. Talvez dai tenha advindo a estranheza evidenciada por mim.

O post já está devidamente corrigido.

Mais uma vez, as minhas desculpas.

Saturday, November 19, 2005

Há muito de génio no reconhecimento efectivo de que não se é genial.

Friday, November 18, 2005

Condescendências

"Querem divertir as pessoas. Querem-se divertir. E as suas pretensões não vão para além disso."
Uma jornalista do DN sobre a banda "village people"

Eu não sei se quero viver num mundo onde não ter pretensões de atingir algo maior tem uma conotação positiva.

Como se perde o seu efeito desesperante...















Às vezes o tédio é o principio do medo, assim como o medo é um tédio na sua recorrência.

Monday, November 14, 2005

Normalmente não costumo editar crónicas, mas não resisti...

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.

Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa.

Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.

Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português.
Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

Eduardo Prado Coelho

Thursday, November 10, 2005

Eliminação da ambiguidade

Mmm, sim, no post “Elisabethtown, estava-me a referir precisamente à Kirsten Dunst ...

A capacidade que o ser humano tem de ser redutor é tão fascinante como a que possui para se expandir e suplantar.

Cristina Branco







Ao descobrir este projecto musical português percebi imediatamente que estava perante um conjunto de músicos experientes com intenção de fazer algo que levasse o fado para outras direcções que não a que nos é geralmente oferecida, e que é normalmente constituída por soluções relativamente previsíveis e tradicionalistas. O projecto da Cristina Branco continua a ser um projecto de fado, mas a inclusão do piano clássico misturado com a guitarra portuguesa cria uma nova cor e uma sonoridade que torna todo o universo sonoro menos definido e indubitavelmente mais amplo, criando uma contemporaneidade evidente. As letras recriam o universo tradicionalista português, com a nostalgia e o assombro emocional elevado a pontos intocáveis.

“Sensus” é um algum musicalmente mais próximo de um fado com saídas mais tradicionais, destaca-se por que ser um álbum com conteúdos líricos onde o sexo é abordado de uma forma explícita e evidentemente emocional, o que, para mim, tornou a ligação emocional ao disco mais difícil de ser concretizada, o sexo explícito e as suas extensões emocionais, quando cantado, ainda me fazia sentir num universo onde o meu ar tinha de se adaptar ao nu (a palavra é apropriada) da questão.

“Ulisses” é o álbum que verdadeiramente me prendeu, tirando as 2 primeiras músicas (uma espanhola e uma com sotaque brasileiro assim como com a consequente gramática) que na minha opinião são verdadeiros erros de casting, o resto do álbum é absolutamente notável, onde até uma versão do clássico “case of you” da Johnny Mitchel marca presença de uma forma brilhante.

A voz de Cristina Branco , ao contrário de muitas novas caras femininas do fado destaca-se porque não é afectada pelo tiques hiperbólicos que a tentativa de cantar fado muitas vezes traz e esse caminho revela uma voz aparentemente sincera, com uma cor própria, sem precisar de um “look” extravagante ou de repetir a palavras “Fado” a cada refrão de forma que os estrangeiros possam identificar o estilo imediatamente, para que possam cataloga-lo e comprar o álbum num processo semelhante ao reconhecimento do enredo de uma telenovela barata.

O desejo de a poder ver actuar ao vivo é intrinsecamente crescente.

Acompanhando o visitante

Escrever blogs é de facto uma perda efectiva de tempo. Tal como fazer arte é uma perda de tempo. Tudo será uma perda de tempo quando avaliado objectivamente numa esfera contextual fechada. Apenas a procrastinação é realmente importante, porque nos permite perder tempo com construções evolutivas seja de que carácter for.

Elizabethtown
















A contar as razões pelo qual devo ir ver este filme, apesar de todas as possíveis , esbarro sempre na primeira que torna a progressão numérica impossível, independentemente do interesse artístico do filme em causa.

Wednesday, November 09, 2005

A primeira folha

O melhor começo define-se sempre como o nada que sempre desejamos. A construção de algo é sempre uma ode à ignorância do tempo futuro. Nada nos faz sentir tão imensamente poderosos como quando estamos perante o nada do começo.

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