Lilith (de Robert Rossen, 1964)

"Help me"

Arte e fé

Editar um livro, fazer um filme ou escrever um música não nós faz artistas, disto estou certo. Que ninguém me pergunte o que é um artista porque não sei dizer. Tal como Santo Agostinho disse em relação ao tempo “O que é então o tempo, se ninguém perguntar, eu sei, se alguém me perguntar, eu não sei.”, eu digo em relação ao artista, sei exactamente o que é e quem é, se me perguntarem porquê, não sei explicar.
Acredito que Santo Agostinho quando abordou a questão do tempo desta forma estava a usar uma pequena alegoria para falar de fé.
A arte boa ou má é em grande medida uma questão de fé, se o artista nos faz crer na beleza e verdade da sua obra gostamos, se não nos faz crer nessas mesmas características achamos que estamos perante uma aldrabice.

Os iconoclastas estão a dominar no mundo

Your free market is perfectly natural,
Or do you think that I’m some kind of dummy,
It’s the ideal way to order the world,
Fuck the morals, does it make any money?
And if you don’t like it? Then leave.
Or use your right to protest on the street,
Yeah, use your rights but don’t imagine that it’s heard, Oh no no,
Cunts are still running the world,
Cunts are still running the world.

Jarvis Cocker

A ironia de Jarvis Cocker parece retirada de um discurso anti-liberalismo presente em qualquer ideólogo de esquerda.

Não seria de estranhar se o escritor de canções em questão não tivesse escrito também o “Cocaine socialism”. Uma canção que satiriza os representantes do pensamento (pseudo) socialista. A mãe de Cocker é membro do partido conservador Inglês, facto curioso. Ele diz numa entrevista que sempre votou no partido trabalhista, mas que não só recusou o convite do partido de Gordon Brown e Tony Blair para dar a cara em campanhas eleitorais, como escreveu a canção a relatar as suas considerações sobre a questão.
Vale a pena ouvir a música e seguir a letra com atenção.



Na modernidade do individualismo, do cinismo, da falta de fé em deus (Europa), do “hoje somos todos espertos” e onde a palavra herói ou messias são recebidas com risos sobranceiros, nós somos todos iconoclastas. Eu , tu e o senhor que me vende frutas, porque uma laranja iconoclasta é uma laranja com menos probabilidades de ser enganada.