Por falar em Proust…
Lembro-me de um episódio que aconteceu há vários anos quando eu estava num jantar cheio de pessoas com conversas desinteressantes (um clássico que diz tanto de mim como das outras pessoas). Depois de um jantar prolongado, já eu carpia as mágoas por não ter aprendido nada, não me ter divertido minimamente e a perguntar a deus porque é que eu não tenho a sorte de ir a jantares desafiantes dos quais eu possa sair com vontade de voltar, quando chegou a parte do brinde. Ao levantarem os copos alguém gritou com um ar de troça ... PROUST!!! Fiquei incrédulo, as mesmas pessoas que dominavam a arte da banalidade extrema ao ponto do atordoamento alheio interessavam-se por Proust?? Eu que tinha a consciência pesadíssima porque nunca tinha lido o senhor fiquei para morrer. O que é que tudo isto dizia de mim? Seria isto o paradigma da minha anulação como ser humano? Estava lançada a 3ª guerra mundial metaforicamente representada no meu ego imberbe.
Vários anos depois, quase por acidente, descobri que o que eu tinha ouvido não era “proust”, mas sim “prost”, que é a palavra alemã usada nos brindes.
Consequentemente descobri que o que nos pode afectar intensamente na vida pode não ser a ausência de Proust, mas sim alguém que está habituado a beber cerveja com alemães.
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