Thursday, April 26, 2007

Formalidades

Olá. Eu sou a Joana de Coimbra.

É assim que te apresentas sempre?

Nem sempre, depende da formalidade da circunstância.

Estou a ver. Eu apresento-me sempre como o João do meu quarto.

Wednesday, April 25, 2007

Todo o mundo é composto de mudança

“So the challenge to France is to find out what works for it. At the moment, France is not working. Overall unemployment has remained stubbornly above 8%, and youth unemployment is around 22%. Close to half the electorate is dependent on the state for wages, benefits or pension. To sustain this creaking state capitalism, public debt has soared to 66% of gross domestic product. The economy is growing more slowly than any other country in the EU except Portugal. Economically, France is among the sick men of Europe. The starting point for the new president is, in this regard, closer to that of Margaret Thatcher in 1979 than it is to Blair's in 1997.”
Timothy Garton Ash

TGA ao escrever sobre a França tem um pequeno apontamento onde Portugal surge pelas piores razões. Portugal é o homem doente da união europeia. Tal acontece em grande parte porque este teve (e tem) durante muito tempo o sistema político Francês como referência. Ao olhar para a descrição dos sintomas da doença francesa é fácil de perceber que é a mesma que contagia o mundo lusitano. A enfermidade em questão é algo contagiosa, mas não muito, porque alguns dos maiores vizinhos de França são imunes, como os de cima e os do lado que estão no momento com a liberal Merkel (que também tiveram a sua dose da doença em tempos). Já se sabe, as doenças penetram mais facilmente nos organismos mais debilitados, mesmo quando estão mais distantes. Sendo 25 de Abril, espero que possamos ser vacinados rapidamente, porque se “todo o mundo é composto de mudança”, já era tempo de ela chegar cá. TGA refere o cenário difícil que Thatcher teve pela frente em 1979 quando Inglaterra precisava urgentemente de reabilitar a sua economia. Será que a senhora quer sair da sua reforma? Será que a senhora faz “part-time”? Será que a senhora aceita vir para um país solarengo por uns tempos?

Tuesday, April 24, 2007

Renovação

Vou renovar o bilhete de identidade. A senhora que estava de serviço pergunta-me... “é uma renovação sem alterações?” ... Eu respondo “sim, sim, é a história da minha vida”.

Falhar

Eu falho por causa disto,
Eu falho por causa daquilo,
Eu falho porque não sei
O que é isto e aquilo.

Monday, April 23, 2007

Memorial


No sábado acabei por ver “Kurt Cobain About a Son” no festival Indie Lisboa. Agora que estou com os pés para a cova percebo porque é que aos 16 anos me senti tão fascinado com o singer/songwriter em causa. Nunca gostei especialmente do “grunge” mas sim de Cobain (o meu mau feitio de gostar de individualidades e pouco de grupos), aos meus olhos ele era o “grunge”, as outras bandas eram mais ou menos radicais, mais ou menos teatrais, mais ou menos distópicas, mais ou menos de índole capilar, mais ou menos irrelevantes para mim. É verdade que hoje em dia raramente ouço Nirvana (tirando em acontecimentos episódicos). No entanto este filme fez-me perceber, de um ponto de vista mais racional, o que eu gostava instintivamente na puberdade. A luta pela identidade, o esforço para tentar gostar de pessoas, o esforço para tentar deixar de gostar de pessoas, o culto pela excelência mesmo que esta surgisse em forma de caos, a força artística que coabitava o mundo físico e intelectual, a existência de uma simplicidade que não se pode ser ensinada, a culpa, e principalmente a sofreguidão com que não se quer deixar cair os porquês.
Dito isto, resta dizer que o filme contém a voz de Kurt a explicar muitos dos seus sentimentos em relação à vida que leva e que levou. As imagens tentam ilustrar os seus pensamentos sem cair na tentação de mostrar o que seria mais óbvio, as imagens dele. Não há uma única música de Nirvana no filme, o que o torna ainda mais interessante, focando-se em absoluto na voz falada e no seu significado.
Reminiscências.

Friday, April 20, 2007

The Pervert's guide to cinema (2007)


Eis que o filósofo esloveno Slavoj Zizek se debruça sobre a psicologia do cinema abordando alguns dos filmes mais importantes da história. Concordando ou discordando em absoluto com o senhor, este é um documentário que ninguém deve perder. Eu vi-o ontem no Indie Lisboa e parece que só vai ser exibido mais uma vez nas salas portuguesas ( dia 24, terça, 14:45 no Londres), apesar de gostar de pensar que ele possa ser comprado para o circuito comercial de forma a que toda a gente o possa ver posteriormente. Muito Lacan ? Não duvido. Zizek é algo autoritário nas suas interpretações? Muito provavelmente. Mas com a devida distância, é um dos filmes mais estimulantes que vi nos últimos tempos, independentemente da veracidade dos argumentos. Afinal de contas, é de cinema que estamos a falar.

Thursday, April 19, 2007

Por causa dos amigos...

Ao ler um texto engraçado sobre a amizade deparei-me com este excerto…

“Even the quality of friendship is becoming strained. Almost half our friendships, apparently, are adversely affected by work commitments, while distance proves a barrier to many.
Well, all I can say is, you're not working hard enough at it. To paraphrase the bossy dance teacher in the film Fame, friendship costs.”

É bastante comum ouvir ideias como estas nos dias de hoje. Onde parece que começamos realmente a acreditar que tudo na nossa vida depende do grau de trabalho que colocamos em algo. Esquecemo-nos dos parâmetros mais importantes que são a sorte e o contexto. Hoje em dia, se falhamos em algo, foi de certeza por falta de trabalho, perorará alguém de imediato. Pena que assim não o seja, principalmente agora onde parecemos ter a cada segundo um chamamento para uma actividade diferente (só a Internet bastava para não fazermos mais nada na vida). Mas sobra tanto, e tudo depende do trabalho, dizem. Já não basta trabalharmos até ao limite das nossas forças na actividade profissional eleita, alguém lembrar-nos-á que não dedicamos tempo suficiente à família, e os amigos precisam de investimento pois já nem se lembram de nós, claro que recomendam que tenhamos hobbies, pois um homem precisa de descansar para manter a sanidade e a produtividade, podemos falar em filhos para estender o texto mas, seria escusado, e as relações amorosas ainda existem (ou não?). Se falhamos, é porque não trabalhamos o suficiente no objecto dos nossos desejos. Parece-me que os críticos do catolicismo não estão tão preocupados com a nossa cultura da culpa, que é por demais evidente. “Geração prozac” e epítetos afins são insuficientes para explicar tudo isto. Apetece-me arranjar epítetos menos eufemísticos. Como poderia não o fazer? Um vida não é suficiente para se perceber tudo o que não se fez, quanto mais fazer tudo o que se poderia fazer.
Haaaaaaaaaaaaa . Chega. Por mim chega. Vou ali para a minha cama fazer algo em que tenho trabalhado pouco nos últimos tempos e cuja falha espero colmatar. Dormir.

International Philosophy



Bem sei que este vídeo anda por outros blogs conhecidos, mas não resisti. É realmente hilariante.

Wednesday, April 18, 2007

O corporativismo da esquerda (francesa) ainda é o que era

"There is a growing belief among the French political class that only two people have a serious chance of winning this election: Mr Sarkozy and Mr Bayrou. It was recognition of this apparent shift in momentum last week that caused one of the titans of Miss Royal's party, Michel Rocard, who was prime minister during the Mitterrand years, to suggest his party form an electoral pact with Mr Bayrou, on the grounds that Mr Sarkozy was unbeatable otherwise. The old centre-Left consensus in France cannot bear the prospect of Anglo-Saxon-style free-market liberalism and further restrictions on immigration, which Mr Sarkozy promises."
Simon Heffer

Tuesday, April 17, 2007

Post falhado

Eu.

Oratória

Ela tinha o dom da oratória. Conseguia descrever-me em todo o meu esplendor. Precisamente por isso mentia muito mais.

Monday, April 16, 2007

Ridículo

How am I ridiculous? Let me count the ways.

Começo por subverter o poema de Elizabeth Browning com o intuito de me ir definindo. Ao tomar consciência que não iria ter sucesso percebo o ridículo que seria enveredar por uma demanda falhada à partida. Mas seria assim tão diferente de tudo o resto? Não creio que a eficácia esteja longe do ridículo, muitas vezes até está mais perto. Aqui, ali, mais longe, mais perto, antes, depois, tudo terá o seu tempo e espaço para ter considerado ridículo. Mas, ó deuses, haverá alguém mais ridículo do que eu? (Este é o meu momento de extrema auto-importância do dia, calhou estar a escrever este texto, como tal, fica registado para a posteridade (essa irrelevância) ). Há perguntas que não precisam de resposta, se é que o conceito de “resposta” realmente existe (momento pós-moderno). Estar a escrever sem ter uma ideia significativa ou sequer um fim a expressar é ridículo. A minha redundância é proeminente , alguém que me pare por favor, o mundo está feito de tal maneira que se torna possível que eu acabe de escrever o que tenho para escrever, mesmo não tendo nada em mente. Lancem anátemas, livros com mais de 3000 páginas, qualquer coisa. Fernando Pessoa escreveu que “todas as cartas de amor são ridículas mas que só é ridículo quem nunca as escreveu”, concordo em absoluto, no entanto as que escrevem cartas de amor também são ridículas, principalmente quando não conseguem impedir que elas se auto-impludam num prazo relativamente curto, acreditando em alguns estudos antropólogos, cerca de 4 anos deve chegar (que coincide com o período mais delicado de crescimento de uma possível cria), parece-me um espaço temporal razoável. O que eu acabei de escrever também é ridículo, a cautela é ridícula, o uso da palavra chave deste texto em quantidade de vezes desmesuráveis é algo muito, digamos, “passível de gozo social”.
Olho-me ao espelho e digo “és objectivamente ridículo”, mas isso não existe! Claro que existe, tudo em mim é objectivamente ridículo. O penteado que nunca sabe se deve ser bravio, aprumado ou arty, é tão difícil de domar que depois de estar morto ele vai continuar a crescer. A cara, as expressões, mas aquele sou mesmo eu? Talvez deva tirar mais uma foto, não posso ser, eu não tenho aquele sorriso de quem está a ver um filme do Antonioni e se tenta manter acordado. O corpo, acho que hoje tenho mais 5 quilos do que ontem mas menos 3 do que há 2 horas. Estarei a ficar doido? E a personalidade, bem, não preciso de ir aí, é para isso que existe este blog, que se fosse rigoroso (uma piada fica sempre bem), devia ter o título deste post.
Deixa-me contar a formas? Se quiser ser realmente honesto, não há formas, há uma forma que sou eu. Ridículo, tão ridículo que de todas as formas prosaicas de ser ridículo eu escolhi a pior, que era consequentemente a melhor. É esta a forma que o mundo tem de mostrar solidariedade para comigo. Vamos todos juntos. Se alguém não acreditar, podemos sempre ir buscar pensamentos do próximo, e vivemos felizes.

“ O comunismo é um sistema muito avançado que até hoje nunca existiu” Odete Santos

Thursday, April 12, 2007

The generation

"Isn't it funny the generation of "give peace a chance" can't make a marriage last more than a fortnight because they fight too much, and the man who sang " imagine no possessions" was a millionaire, and the generation of "Hey, Teacher! Leave them kids alone!" now has a hoodie street crime problem and a million youngsters not even considering the option of ever working toward at least renting a home of their own, even if they could?"

Tirado de uma caixa de comentários do Daily Telegraph

Wednesday, April 11, 2007

System

All nations are stupid, but some have a good educational system.

Tuesday, April 10, 2007

"1001 Books You Must Read Before You Die"

Vejo a lista completa (de que já tinha ouvido falar) no BBBA.
A minha pergunta é a seguinte… Depois de lermos todas estas obras sobra algum tempo para aplicar o que apreendemos ou esperamos uma discussão literária post mortem?

Monday, April 09, 2007

About boys ...

"In fact, boys are as -or more-different from one another as they are from girls.

M."


“There is a bigger difference between one man and another than the difference between a Man and a monkey.” I think there is something like this in “Crime and punishment”.
That is a very clear sentence that goes against the common belief used in times of grief “men are all alike”. Seems to me that men are alike in what they want but they use so many different tactics to get it that sometimes they fall in love with the tactic and care less about the goal. Ok, ok, I’m drifting. In this case, what makes the real difference is that now that both genders have equal studies opportunities (generally speaking) boys are falling behind. They are not dumber (I hope) but they lack a natural consistency that women have. Men are more prone to stray, to deviate from a course of responsibilities. Boys need much more attention than girls to be able to stay on the right track (blame testosterone, I know, I know). In an age of progressive individualism, parents have less and less time to be with their kids, and boys are the first ones to pay that price since girls are more self-sufficient. Men don’t have the responsibility to support a family anymore, women are financially independent (in the general western world) so the weight is lifted off their shoulders. Why should they bother now? Young boys feel it since an early age and are influenced by it. What is their function now that women can, if they want, have kids just by going to a sperm bank? Many things were written about how men are social parasites, but now, now it’s more official than ever.
Luckily, women like us. Go figure...

Boys Boys Boys


Welcome boys!

"Inland empire" de David Lynch



Não posso dizer que tenha percebido, nunca fui muito bom a perceber o universo (ficcional ou efectivo) e as suas minudências segundo as leis do positivismo, mas saí do cinema satisfeito com o que vi e senti. A maioria das coisas que considero que valem realmente a pena dispensam compreensão absoluta de qualquer maneira.

Privada

Os impostos são dos mais altos da União Europeia. Há queixas constantes de que não há incentivo à iniciativa privada. O país é constantemente apelidado pelos que foram para fora como “A choldra” (revisitando Eça de Queirós). Vejo lógica em tudo isto, sair do país é um acto de “empreendedorismo”, não há iniciativa mais privada do que essa.

Friday, April 06, 2007

"The godfather"

O ranking do Imdb mostra que o melhor filme de sempre é o “The godfather”. Devo dizer que não sou apreciador da obra por falta de identificação. “The godfather” é musculado, viril, exacerbadamente emocional, cheio de testosterona ao serviço da guerra pelo poder. A minha testosterona não me leva para lutas pelo poder, leva-me para outras coisas certamente...

Wednesday, April 04, 2007

Perguntas costumeiras (3) (subtítulo "what are you? 5?")

Porque é que eu não falo de amor? Porque ele não costuma falar de mim.

Mystic river



Colmatei hoje uma das minhas (muitas) falhas cinematográficas ao ver o filme de Clint Eastwood. Como só costumo colocar neste blog os filmes de que realmente gostei acabo por estar sempre a elogiar, coisa que não é mesmo nada o meu apanágio. Mas este filme para além de ter um argumento muito bem escrito, é intenso, não tem pontos mortos, reinventa a noção de jogo psicológico, leva-nos ao limites da resistência, assim como nos lembra que a maior luta que temos de travar é com a nossa mente (ou seja o que for que nos ultrapassa dentro de nós). Não é original ao mostrar que o sexo modela (ou define?)a nossa vida, mas como nenhuma peça de arte mostra o contrário, isso será uma falsa questão. Os actores são todos muito bons apesar de eu ter uma especial admiração por Kevin Bacon. Vários elementos ambíguos são deixados pelo caminho tornando-o mais “místico”, elevando-o a outro nível, talvez a um que muitos filmes de Hollywood (ou de qualquer sítio) não atingem. O personagem de Laura Linney (admiro-a ainda mais do que Kevin Bacon mas não me perguntem porquê) chama-se Annabeth. Chegando ao fim ela comporta-se com uma Lady Macbeth de corpo inteiro, numa abordagem aos acontecimentos de que não estava à espera mas que faz todo o sentido por oposição à atitude da outra personagem feminina importante presente no enredo. Quando a ambiguidade ganha com classe eu normalmente aplaudo.

Tuesday, April 03, 2007

An Irish Airman Foresees his Death

An Irish Airman Foresees his Death

I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate,
Those that I guard I do not love;
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltartan's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.

W.B.Yeats

Monday, April 02, 2007

Strange

Jim Morrison wrote “people are strange when you are a stranger”. I say that people are strange, period.
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