Monday, April 16, 2007

Ridículo

How am I ridiculous? Let me count the ways.

Começo por subverter o poema de Elizabeth Browning com o intuito de me ir definindo. Ao tomar consciência que não iria ter sucesso percebo o ridículo que seria enveredar por uma demanda falhada à partida. Mas seria assim tão diferente de tudo o resto? Não creio que a eficácia esteja longe do ridículo, muitas vezes até está mais perto. Aqui, ali, mais longe, mais perto, antes, depois, tudo terá o seu tempo e espaço para ter considerado ridículo. Mas, ó deuses, haverá alguém mais ridículo do que eu? (Este é o meu momento de extrema auto-importância do dia, calhou estar a escrever este texto, como tal, fica registado para a posteridade (essa irrelevância) ). Há perguntas que não precisam de resposta, se é que o conceito de “resposta” realmente existe (momento pós-moderno). Estar a escrever sem ter uma ideia significativa ou sequer um fim a expressar é ridículo. A minha redundância é proeminente , alguém que me pare por favor, o mundo está feito de tal maneira que se torna possível que eu acabe de escrever o que tenho para escrever, mesmo não tendo nada em mente. Lancem anátemas, livros com mais de 3000 páginas, qualquer coisa. Fernando Pessoa escreveu que “todas as cartas de amor são ridículas mas que só é ridículo quem nunca as escreveu”, concordo em absoluto, no entanto as que escrevem cartas de amor também são ridículas, principalmente quando não conseguem impedir que elas se auto-impludam num prazo relativamente curto, acreditando em alguns estudos antropólogos, cerca de 4 anos deve chegar (que coincide com o período mais delicado de crescimento de uma possível cria), parece-me um espaço temporal razoável. O que eu acabei de escrever também é ridículo, a cautela é ridícula, o uso da palavra chave deste texto em quantidade de vezes desmesuráveis é algo muito, digamos, “passível de gozo social”.
Olho-me ao espelho e digo “és objectivamente ridículo”, mas isso não existe! Claro que existe, tudo em mim é objectivamente ridículo. O penteado que nunca sabe se deve ser bravio, aprumado ou arty, é tão difícil de domar que depois de estar morto ele vai continuar a crescer. A cara, as expressões, mas aquele sou mesmo eu? Talvez deva tirar mais uma foto, não posso ser, eu não tenho aquele sorriso de quem está a ver um filme do Antonioni e se tenta manter acordado. O corpo, acho que hoje tenho mais 5 quilos do que ontem mas menos 3 do que há 2 horas. Estarei a ficar doido? E a personalidade, bem, não preciso de ir aí, é para isso que existe este blog, que se fosse rigoroso (uma piada fica sempre bem), devia ter o título deste post.
Deixa-me contar a formas? Se quiser ser realmente honesto, não há formas, há uma forma que sou eu. Ridículo, tão ridículo que de todas as formas prosaicas de ser ridículo eu escolhi a pior, que era consequentemente a melhor. É esta a forma que o mundo tem de mostrar solidariedade para comigo. Vamos todos juntos. Se alguém não acreditar, podemos sempre ir buscar pensamentos do próximo, e vivemos felizes.

“ O comunismo é um sistema muito avançado que até hoje nunca existiu” Odete Santos

2 Comments:

Blogger BlueShell said...

Passei por acaso…mas ainda bem. Voltarei!
Beijos azuis de concha triste….
BShell

4/16/2007 11:40 AM  
Anonymous Anonymous said...

"Estar allegre pode ser passageiro, mas estar feliz e eterno e nao depende de nada.
Felicidade e transmissivel!"

M.

4/16/2007 2:52 PM  

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