"Festival da Eurovisão dos Imigrantes"
Este é já o segundo ano consecutivo em que escrevo sobre o festival da Eurovisão. No sábado, devido à falta de uma vida social e de uma procrastinação pungente, vi o famigerado programa que une toda a Europa numa grande festa.
Não vale a pena falar da música, ninguém está lá pela música mas sim pela política e pelas gajas esteticamente apelativas (vulgo "gajas boas"). Política? Tentado a falar das gajas boas, opto por não o fazer, visto que li ontem o senhor António Damásio no Expresso, onde ele apregoava que mente e corpo são unos, como tal, não quero deixar a minha análise ser influenciada pelas minhas hormonas palpitantes.
Resta então a política, chato, chato, chato. Vamos lá. Informação de relevo? Novidades? Não há. No entanto o concurso é mais arrojado do que qualquer instituição europeia ligada à União. Ao contrário das elites de Bruxelas, este programa já decretou que a língua oficial da Europa é o Inglês. Não é apenas pela adopção do Inglês (língua proveniente de um país eurocéptico) na sua apresentação formal, mas também pela obrigação moral que recai sobre os cantores que já não acreditam que alguém os oiça noutra língua, quando a atitude chega a França e aos seus cantores, é caso para dizer que o ciclo está completo. Fecha-se um ciclo. Abre-se um novo. Mas nas instituições da União nada realmente acontece. Problemas burocráticos, com certeza.
O nome do concurso devia ser mudado para "Festival da Eurovisão dos Imigrantes". A França dá sempre pontos a Portugal, Portugal vota todos os anos na Espanha e na Ucrânia (imaginem se o Brasil entrasse no concurso), a Irlanda vota na Polónia independentemente do apelo estético da cantora, os países escandinavos votam uns nos outros e finalmente, o golpe de mestre, os países de leste votam todos entre si. No meio desta festa política, os comunistas reformados da Rússia são os grandes vencedores. Podem ter perdido o bloco central comunista, mas ganharam a Eurovisão. Como neste momento a Eurovisão é um instrumento que se apresenta mais político do que nunca, penso até que ganharam com a troca. Com a divisão do bloco soviético em múltiplos países os russos não fizeram mais do que bater os ingleses no seu próprio terreno. Tradicionalmente o "Divide and Conquer" é atribuído à pátria de Shakespeare, mas está prestes a fazer escola no país de Dostoievski, num patamar tão ou mais importante do ponto de vista da criação das tendências, que é o patamar do entretenimento feito ao nível da exposição global. O festival da Eurovisão não será arte ao serviço da política, é melhor ainda, é diversão ao serviço da política. Parabéns aos Russos.
PS: Agora que o texto está terminado já posso perguntar… Será que alguém viu aquela representante da Ucrânia? Acho que ela também cantou. Acho.
Não vale a pena falar da música, ninguém está lá pela música mas sim pela política e pelas gajas esteticamente apelativas (vulgo "gajas boas"). Política? Tentado a falar das gajas boas, opto por não o fazer, visto que li ontem o senhor António Damásio no Expresso, onde ele apregoava que mente e corpo são unos, como tal, não quero deixar a minha análise ser influenciada pelas minhas hormonas palpitantes.
Resta então a política, chato, chato, chato. Vamos lá. Informação de relevo? Novidades? Não há. No entanto o concurso é mais arrojado do que qualquer instituição europeia ligada à União. Ao contrário das elites de Bruxelas, este programa já decretou que a língua oficial da Europa é o Inglês. Não é apenas pela adopção do Inglês (língua proveniente de um país eurocéptico) na sua apresentação formal, mas também pela obrigação moral que recai sobre os cantores que já não acreditam que alguém os oiça noutra língua, quando a atitude chega a França e aos seus cantores, é caso para dizer que o ciclo está completo. Fecha-se um ciclo. Abre-se um novo. Mas nas instituições da União nada realmente acontece. Problemas burocráticos, com certeza.
O nome do concurso devia ser mudado para "Festival da Eurovisão dos Imigrantes". A França dá sempre pontos a Portugal, Portugal vota todos os anos na Espanha e na Ucrânia (imaginem se o Brasil entrasse no concurso), a Irlanda vota na Polónia independentemente do apelo estético da cantora, os países escandinavos votam uns nos outros e finalmente, o golpe de mestre, os países de leste votam todos entre si. No meio desta festa política, os comunistas reformados da Rússia são os grandes vencedores. Podem ter perdido o bloco central comunista, mas ganharam a Eurovisão. Como neste momento a Eurovisão é um instrumento que se apresenta mais político do que nunca, penso até que ganharam com a troca. Com a divisão do bloco soviético em múltiplos países os russos não fizeram mais do que bater os ingleses no seu próprio terreno. Tradicionalmente o "Divide and Conquer" é atribuído à pátria de Shakespeare, mas está prestes a fazer escola no país de Dostoievski, num patamar tão ou mais importante do ponto de vista da criação das tendências, que é o patamar do entretenimento feito ao nível da exposição global. O festival da Eurovisão não será arte ao serviço da política, é melhor ainda, é diversão ao serviço da política. Parabéns aos Russos.
PS: Agora que o texto está terminado já posso perguntar… Será que alguém viu aquela representante da Ucrânia? Acho que ela também cantou. Acho.
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