Viver bem com ... (3)
Ainda o meu comentário ao comentário do dono do blog “A voz do mocho” ao post intitulado “viver bem com... (2).
Gostaria de dizer que concordo, praticamente na íntegra, com o tom geral do comentário, no entanto, há pormenores sobre os quais tenho algumas reservas.
A questão de estarmos num período de “cross over” sempre me intrigou. É verdade que qualquer filosofo Pós-moderno me irá falar do esbatimento das categorias, na ausência de rótulos e da voracidade da informação massificada que influencia as nossas vidas. Penso que não estarei muito longe da verdade se afirmar que desde que a humanidade existe que está em período de “cross over” , sendo que a evolução, seja para onde for, é uma característica que nos é imposta como seres sociais. Se agora essa evolução nos parece mais rápida é apenas e só porque toda a informação chega até nós a todos os segundos e segundos depois de serem emitidas. Citando a ideia principal de um filme que não gostei (peço desculpa a todos os críticos de cinema) “Il Gatopardo” , tudo muda para ficar igual. E no caso da música Pop, se muda rápido, melhor ainda, não é a velocidade que lhe retira validade.
Em relação à pergunta se a Arte Pop é um ingrediente para algo maior ou o todo em si, eu responderia que tal como no renascimento ou em outro qualquer outro movimento, o melhor da mesma irá destacar-se e assumir-se como um todo, assim como muitos artistas do renascimento fizeram obras que nunca chegaram até aos nossos dias.
Para finalizar, penso que um artista corrompido não é o problema, o artista sem talento é que é o drama.
Obrigado pela troca de impressões e irei com certeza estar regularmente atento ao teu blog .
2 Comments:
Caro the visitor, é com muito agrado que leio os teus posts e comentários ao meus comentários, pois considero-os muito estimulantes.
Como sabes, recentemente criei um blog e nos últimos tempos tenho dedicado algum tempo à pesquisa e leitura de outros, na procura de leituras interessantes ou de saudáveis trocas de ideias.
Como era de esperar, deparei-me com desde ricos conteúdos até às mais monstruosas manifestações de narcisismo, egocentrismo.
Também aconteceu algo que já estava à espera. Li alguns comentários/respostas a comentários meus e de outros internautas, que eram puras manifestações arrogantes de suposta supremacia cultural e de inteligência, com o intuito de desvalorizar, gozar e até humilhar o outro (a fazer lembrar aquelas atitudes que os meninos mimados têm, quando surge um novo miúdo no recreio).
Felizmente aqui não encontrei isso. Concordando ou não com o que é escrito, manifestas sempre a tua opinião de um modo muito fundamentado, com notória cordialidade e tolerância. Felicito-te por isso.
Quanto ao meu blog, estás à vontade para o visitar ou comentar. Como costumo dizer, é sobre tudo e para todos (hum isto é um conceito pop não? hehe)
Espero que não te importes que coloque o teu link no meu blog.
Só umas breves notas sobre o teu último comentário:
1. Julgo que o que tira valor, para mim obviamente, à maior parte da música pop (também há a parte boa)não é tanto a sua velocidade mas antes os interesses económicos e a pouca valia criativa inerentes à sua produção.
2. Afirmas que, tal como aconteceu noutros movimentos, o melhor da arte actual irá destacar-se e, julgo que é essa a ideia, caracterizá-la. Consideras então que é preciso alguma distanciação temporal (uma vez que aplicas "irá") para fazer a avaliação? É uma questão interessante pois faz-me lembrar aquela velha problemática da delimimitação temporal que define o que é jornalismo e o que é história.
3. Referes "melhor da mesma". Sabes que isto leva-me à seguinte reflexão:
O melhor na arte, é algo subjectivo. O melhor hoje pode ser o que a maioria das pessoas mais gosta. Logo, daqui a uns anos, ao estudar o nosso tempo, os historiadores podem seguir este critério de popularidade à época (pelo menos seria democrático), considerando os melhores ou mais representativos artistas como Madonna, Britney Spears ou Tom Cruise. E digo isto sem qualquer tom pejorativo pois trata-se de um critério perfeitamente aceitável. Um outro critério, não tão democrático mas certamente muito usado antes da massificação da cultura, é o engrandecimento dos artistas segundo as vontades e gostos das elites. Isto faz-me levantar questões sobre os critérios de valoração dos artistas à posteriori. Voltando ao renascimento, confesso que me dá alguma pena a possibilidade de, tal como hoje, terem existido artistas de grande mérito mas que foram esquecidos devidos aos tais critérios de valoração.
Obrigado pelas tuas palavras e é claro que não me importo da adição do link, o prazer é todo meu.
Aproveito só para esclarecer que quando disse “o melhor” já estava a contar com a subjectividade que, aliás, tinha promovido logo nos primeiros comentários. É claro que o melhor é promovido, como disseste, por vários factores, eleições de elites ou consagração popular, e no fundo sempre foi assim. Mesmo assim há factores que definem mínimos exigíveis de selecção de qualidade, como questões técnicas, estéticas e até ideológicas.
Vão ser os que as cumprem que vão ser inscritos nessa lista de “eleitos”, e o que vai posteriormente influenciar as escolhas vão ser os factores de impacto na sociedade, seja em elites ou nas massas.
No fim, e em todas as épocas, iremos andar para trás no tempo e ir buscar os autores que são mais relevantes para a nossa época e negligenciar outros, outros que se calhar em épocas vindouras passam a ser relevantes como referências para essa época.
Apetece dizer que o mundo é mesmo uma grande “moda” e que temos sempre um menu histórico disponível para explicar o que queremos passar no momento. “À la carte”, que se escolha ...
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