Saturday, September 08, 2007

Sarah Mclachlan


Era suposto ir ler o “Sexual Desire, a philosophical investigation” de Roger Scruton nesta sexta à noite quando alguém me diz que está a dar um concerto na RTP 2. Ena ena, pensei eu com um esgar que era um misto de snobismo e curiosidade. Fui ver (fui mesmo), era a Sarah Mclachlan (apelido com tendência para ficar ortograficamente danificado). Já não a ouvia há bastantes anos, como tal fiquei para ver, recordando imensas músicas com que já não tinha contacto.
A Sarah não é uma letrista muito original, não é especialmente witty, não é cínica o suficiente (quando é que é suficiente?), não é definitivamente uma escritora intelectual, não usa palavras ou ideias arrojadas, não é indie, não é cool, não é radical nem aventureira. O que é então? É boa no que se propõe fazer. Escreve músicas sobre amores e desamores com muita doçura, algum ácido, e um instinto apurado para fazer melodias pop usando a sua voz perfeitamente calibrada (e que voz) para dar um sentido real a tudo o que faz. (não me perguntem o que isso é, não tenho de explicar tudo). Fiquei a ver até ao fim para confirmar que nem tudo o que dá prazer fica dentro das nossas escolhas racionais (pobres iluministas).
Sei perfeitamente porque já não a ouço a muitos anos, mas sei também que aos 28 anos começo a perceber algo que ouvia por aí como um murmúrio latente na vida, o conceito de recordar.

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