Jantar
Vou a um restaurante com um ambiente descontraído, onde os empregados conversam com os clientes sobre futebol ou sobre assuntos políticos mais mediáticos. Com mais churrasco menos churrasco, a vida parece animada nestes sítios. Porque é que eu estava lá? Não sei, mas se pensar que é porque estava com fome, poupo muito tempo. Havia muito barulho, famílias inteiras em entusiasmantes tertúlias. As crianças corriam junto às mesas, as mães corriam para as apanhar, os copos com líquidos eram entornados, os rebentos ouviam um sermão dos pais, durante todo o processo havia uma naturalidade enternecedora em todo o seu comportamento, como se a vida não fosse mais do aquilo, como se o caminho estivesse traçado e apenas tivéssemos que o percorrer. É bem sabido que há muito mais por detrás das aparências, sabe-se também que as aparências por vezes são mais verdadeiras do que tudo o resto, com o desconhecimento “da Verdade”, tudo o que parece é, ou se não é, é como se fosse. Fico a olhar embevecido para as peripécias familiares, aos 28 anos, qualquer homem começa a pensar naquele caminho. Qualquer? É melhor não ser tão categórico. Ser lacónico pode trazer dissabores muito facilmente. As caras daquelas pessoas aparentavam não sofrer de qualquer angústia existencialista. Acho que os invejo. Afinal, quem é que consegue ter angústias existenciais enquanto se tenta impedir que uma criança enfie uma batata frita no ouvido?
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