Semelhanças
Em relação a toda a questão que envolve Israel, Miguel Esteves Cardoso aborda (na “Única” desta semana) uma ideia que eu já tinha usado em discussões particulares sobre tema. Os portugueses deveriam olhar para Israel com uma perspectiva histórica muito particular. Este território já pertenceu a povos árabes, foi reconquistado e a expulsão da esmagadora maioria árabe foi efectivada. Se agora esses povos reclamassem o território de volta (à bomba ou não) porque já foi deles por direito de ocupação anterior, quais seriam os portugueses a ir embora do país de livre e espontânea vontade?
A semelhança sobre a qual MEC escreveu foi sobre o facto de haver um pequeno país que um dia esteve rodeado de inimigos por todo o lado , inimigos esses que não reconheciam a sua existência. Esse país tinha a Inglaterra como único aliado poderoso. Israel tem os EUA. O tal pequeno país é Portugal.
1 Comments:
Considero este post bastante interessante, não sendo a ideia subjancente nada descabida. Infelizmente, não li o texto do MEC, podendo apenas comentar o que está aqui escrito.
Na minha condição de pacifista romântico, tenho a esperança que Israel e os seus vizinhos um dia vivam em paz porém, pelo que conheço da história do Homem, cada vez mais me convenço que a guerra é algo inerente à sua existência.
Quanto ao problema concreto de Israel, julgo que a sua inabilidade política é umas das principais causas da situação já que descura o diálogo com os vizinhos muçulmanos moderados e o respeito pelos direitos das populações das zonas ocupadas. A sua opção pela via musculada, muitas vezes desproporcionada, é uma fonte para o crescimento do descontentamente, ódio e fundamentalismo. Por outro lado, é certo que tem o direito a defender-se e muitas das suas tentativas de diálogo deparam-se com interlocutores corruptos, fundamentalistas, populistas parolos e ignorantes (governo iraniano)e que, em alguns casos, têm concepções de poder diferentes da ocidental.
Quanto à comparação com a história de Portugal, basta ver alguns dos divertidos comunicados da Alqaeda para verificar o seu desejo de reconquistar a Península Ibérica. O artigo de MEC tem o mérito de nos recordar que a luta pela ocupação ou reocupação de espaços é algo constante ao longo do tempo, derrubando aquela ideia comodista de que o que existe é imutável e que os conflitos são coisa do passado. Faz também suscitar a questão do direito histórico sobre o espaço. Ao referir o caso de Portugal e da presença islâmica na Península, também poderia dar o exemplo dos Americanos e dos Índios, da China e dos Mongóis, do Império Romano e do Mediterrâneo etc, ou seja, quem chegou primeiro ou esteve lá mais tempo?
Portugal tem a seu favor o facto de estar consolidado enquanto nação. Já Israel é um país recente numa zona explosiva, onde a a simples abertura às populações muçulmanas pode submeter o país a uma reviravolta demográfica decisiva pondo em causa a sua identidade, como aconteceu no Kosovo.
Posso ter compreendido mal, mas julgo que MEC se terá equivocado quando se refere à aliança entre Portugal e Inglaterra. Quando estes país se aliam, no século 14, já os muçulmanos tinham sido expulsos do território nacional e Portugal era um país reconhecido. O acordo visou sobretudo a consertação de esforços contra a rival Espanha e, posteriormente, a França.
Respondendo à questão, julgo que nenhum português saíria de ânimo leve do país (se bem que alguns bem que...). Agora, em Israel, julgo que a solução passa por uma convivência saudável e não pela expulsão/marginalização de determinado povo. Mas é mais fácil dizê-lo falar do que fazê-lo...
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